Ter Pena ou não ter Pena, eis a Questão

 Já há muito que oiço dizer "Quem tem pena são as galinhas.". Pois bem, não concordo. Essa frase só pode ser utilizada por pessoas sem coração e em forma de branqueamento pelas suas acções e pelo que não fazem pelos outros.

Quer dizer então, e partindo do principio de que "Quem tem penas são as galinhas", que se virmos um velhinho à porta da igreja, ou simplesmente na rua a pedir esmola, devemos ignora-lo? Certo? Errado!
Eu sou uma galinha, eu tenho pena, eu preocupo-me com os outros. Não sou Santo, nem Padre mas para se ter sentimentos não é preciso ser-se nada disso, basta colocarmos-nos no lugar dos outros, dos que sofrem, dos que não têm pernas, ou braços, dos que têm a cara desfigurada devido a um acidente, ou que foram vítimas de crime violento seja ele qual for, e muitas outras coisas...

Não se deve ter pena dos outros? Que pensamento mais hipócrita valha-lhes... EU. Coloquem-se no lugar de uma pessoa, cuja perna foi amputada (espero que não aconteça a ninguém), de certo o vosso sofrimento seria imenso, mas agora imaginem, se as pessoas não tivessem pena de vocês, iriam tratar-vos com "naturalidade". Esta sociedade só dá importância à beleza exterior, portanto iriam ouvir comentários do tipo "Olha ali vai um Pirata perna de pau", "Quem é que lhe dá uma perninha?", "Poupa nos sapatos porque só compra um."... O certo que é, é que estes comentários acontecem, felizmente, não é por todos. Aqueles que realmente têm "pena", respeitam as pessoas, compreendem as suas limitações e até partilham da sua dor.

 O que já vi muito e ouvi, são as pessoas, vamos-lhes chamar, "limitadas" (neste caso, fisicamente), a dizerem que não precisam, nem gostam que tenham pena delas... Se fossem dar uma volta ao bilhar grande faziam melhor! Querem dar uma de fortes é? Para quê? Para as pessoas que já têm pena dizerem "Ai que coragem, mesmo sem braços e pernas tem coragem", isto para mim, é um tipo de psicologia invertida, ou então, "divertida"... Que palhacices que eu vejo neste Mundo. Então, imaginemos, uma pessoa que é maneta, se eu não tiver pena dela, nasce-lhe a mão?  Se assim fosse eu deixaria de ter pena porque que lhe iria crescer outra no seu lugar e ficava tudo bem.

Maneta é maneta, doente terminal é doente terminal e nada fará mudar essa realidade... Nada, por um lado, por outro, se apoiarmos e ajudarmos as pessoas que necessitam talvez elas melhorem a sua vida, isto no caso das pessoas pobres. No caso dos doentes terminais, mesmo não podendo conceder-lhes maior tempo de vida, podemos acarinhá-los até ao seu último suspiro com vida... Ao menos que abandonem este Mundo, com o sentimento de que há outras pessoas que também se preocuparam com eles, que ao fim ao cabo, é ter pena.

Se calhar, estava eu aqui a pensar com os meus botões, é por certos pensamentos (como este do ter "Pena") e atitudes que a maioria das pessoas têm, que neste Mundo só existe uma época em que se lembram dos menos favorecidos e doentes, o Natal... Os restantes 340 dias do ano, "eles que se lixem!". No Natal, chamamos-os para perto da lareira, damos-lhes comida e algum conforto e no dia 1 de Janeiro fazemos-lhes como se faz às árvores de Natal, deitamos-as fora. Bah!
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