TU ÉS INFELIZ
Começo por dizer que sempre achei que ser feliz não passava por perseguir objectivos... Quem pensa que traçar objectivos e alcançá-los é ser feliz, engana-se... mais à frente explico porquê. Como gosto de "beber" da inteligência de quem realmente sabe, efectuando pesquisa e leituras, estudos, e fazendo-me valer da observação de tudo e de todos aqueles que me rodeiam, cheguei às minhas próprias conclusões - conclusões essas que, como constatei, já outros (poucos) tinham chegado.
Acho interessante as ideias que a maioria das pessoas tem sobre felicidade. Alguns dizem: "Felicidade é ser rico!", "Felicidade é podermos ter tudo o que quisermos!", "Felicidade é ser presidente de uma empresa petrolífera", e etc, por aí fora... A felicidade não é isso, a felicidade é um estado de espírito, isto é, é algo que reside em cada um de nós, não se encontrando dependente de quaisquer circunstâncias exteriores. Muitas pessoas acham que só vão ser felizes quando conseguirem ter uma determinada coisa que ainda não têm ou quando conseguirem ser algo que ainda não são. Tudo isto são objectivos dos quais as pessoas se tornam dependentes, no sentido em que consideram que apenas no momento em que os atingem é que se irão tornar pessoas felizes. Esta ideia está completamente errada.
Na realidade, o facto de se atingir o objectivo pretendido não passa de um prazer momentâneo (provocando um falso sentimento de felicidade). O sexo, a comida, a vitória do nosso clube, entre outros milhares de situações, apenas nos dão prazer, e de curta duração, diga-se. Quem não se deu conta já de que, quando atingimos aquele que era o nosso grande objectivo, a alegria e o entusiasmo duram somente uns minutos ou pouquíssimas horas? Os prazeres , ao fim e ao cabo, são também um vício, e a maior parte das pessoas não tem consciência disso. A maioria das pessoas parecem autênticos "agarrados" que precisam de alimentar o vício e, para o fazer, passam por cima de tudo e de todos na ânsia de atingirem os seus minutos de breve prazer e gratificação... O problema é que, após um objectivo atingido, surge outro, e outro, outro e mais outro... O problema não reside no facto de se ter objectivos, o problema centra-se simplesmente no facto das pessoas acreditarem que só depois de os alcançarem é que se tornam felizes.
Acontece que a felicidade que se obtêm após a concretização de um objectivo (ou sonho) é momentânea, ao passo que a verdadeira felicidade deve ser um estado permanente. Ninguém quer (ou ninguém deveria querer) ser feliz apenas por um minuto. O que toda a gente quer, ou parece querer, é ser feliz todos os dias da sua vida. Logo, se a verdadeira felicidade é algo permanente, tudo aquilo que nos conceda apenas uma satisfação momentânea, não constitui um caminho para a obtenção da felicidade suprema.
Quem não se queixou já de alguma coisa e EXAGEROU na sua dramatização?
Vejamos um exemplo...
Cenário: O automóvel sofreu uma avaria.
Consequência: Temos que ir a pé para escola (trabalho, ginásio, compras, whatever...)
O nosso drama: "Como é que é possível viver assim?! Agora avaria-se-me o carro, tenho que gastar um dinheirão no seu arranjo, tenho que ir a pé para o trabalho e está a chover! Sou tão azarado... Ainda ontem bati com o pé na perna da mesa e magoei-me e... Há dois anos cortei-me com a faca de barrar o pão! Sou tão azarado! Nada me corre bem! Estou gordo, sem carro, está a chover, cortei-me no ano passado, magoei o pé ontem..." blá, blá, blá... Que tristeza...
Claro que há quem exagere mais, isto é apenas um exemplo. Mas, objectivamente, o carro simplesmente avariou e apenas temos de ir a pé (ou arranjar um outro meio de transporte) para o trabalho. Qual será a necessidade de estarmos a dramatizar? Reparem também que necessitamos, na maioria das vezes, de dramatizar à frente de outras pessoas, para elas terem pena de nós e nos podermos armar em pobres vítimas...
Existem pessoas que a única coisa que sabem fazer é lamentar-se. Se algum dia se sentissem felizes, tenho a impressão que morreriam, por não estarem habituadas a esse estado de espírito.
Somos corrompidos assim que nos começam a educar
De que nos vale dramatizar? Dramatizando, a situação altera-se? Claro que não. Só que nós adoramos alimentar-nos de infelicidade. É um vício, e sabem porquê?! Porque nos ensinam a ser infelizes logo no momento em que somos crianças. Quem não viu já uma criança a brincar, falando em voz alta, ou fazendo outro tipo de barulho? Qual é a reacção dos pais? Simplesmente lhe ralham e não a deixam ser feliz... Sim, as crianças são felizes até ao momento em que são corrompidas pela sociedade. A criança, desde muito nova, tem que começar a ter responsabilidades e a importar-se com o seu futuro... Que estupidez. A criança deve usufruir da sua infância, brincar muito, porque é a brincar que se aprende, depois, com o tempo e na idade certa, deverão tomar as SUAS decisões. Como por exemplo: escolherem o que querem ser quando forem adultas. Logicamente, seguindo estas "normas" impostas pela sociedade em que vivemos e às quais dificilmente poderemos fugir.
Em criança, ENSINAM-NOS a ser infelizes.
Transmitem-nos a ideia de que tudo aquilo que nos permite ser feliz... está errado!
Desde o momento em que nos começam a ensinar que para se ser feliz é preciso ter um bom emprego, casa, carro, acordar cedo, dominar as matérias da escola, etc... é precisamente nesse momento que nos começam a corromper, acabando por nos converter nuns infelizes e eternos insatisfeitos. Será que para se ser feliz é preciso possuir todas aquelas coisas?... Porquê?...
Porém, logo de pequenos, ensinam-nos a ser infelizes, ou seja, tudo aquilo que contraria a nossa felicidade é que parece estar certo:
- Estamos todos divertidos a brincar à apanhada... está errado; o certo é ir estudar.
- Estamos, em público, a rir... está errado; o certo é não o fazer, pois poderá parecer mal a alguém.
- Estamos relaxados e despreocupados... está errado; o certo é preocuparmo-nos com alguma coisa (caso contrário, somos uns irresponsáveis).
- Não temos grandes ambições na vida (ou seja, já estamos felizes assim como estamos)... está errado; o correcto é sermos ambiciosos, desejarmos muitas coisas (cuja busca só nos vai tornar infelizes).
Enfim... Quer-me parecer que todos se revêm nestas situações. O certo é que nos corrompem desde muito cedo com a ideia de que, para se ser feliz, é preciso ser ambicioso, desejar ter muita coisa e fazer tudo aquilo que não nos dá o mínimo gozo e que apenas implica muito trabalho e sacrifícios. No fundo, no fundo, dizem-nos que a vida é apenas e somente um martírio e um mar de tristezas.O curioso é que, a guiarmo-nos pelos valores (completamente errados) que nos ensinam, acaba por ser verdade.
Nós é que somos responsáveis pela nossa felicidade
A ideia que quero passar é que a felicidade apenas depende de nós. Por exemplo: se uma mulher é traída pelo marido, a escolha de continuar nessa relação é somente dela, assim como a coragem e inteligência para decidir o que é melhor para si. Convém não esquecer que nós é que somos os responsáveis pela nossa felicidade.
Toda a gente é ambiciosa, todos querem ser ricos, ter qualquer tipo de poder ou prestigio, etc., porque só assim acham possível ser felizes...Acha-se que só se consegue ser feliz se formos alguém na vida (aos olhos da sociedade, diga-se)... Não passam de uns eternos e tristes insatisfeitos. A felicidade acaba, pois, por ser encarada como sinónimo de obtenção de sucesso na vida. E não se trata nada disso.
Isto fez-me lembrar uma história (real) bastante interessante, passada com Alexandre, o Grande, a qual partilharei brevemente com vocês... Peço desculpa pela extensão deste post, mas acreditem que ficou muito, mas muito mais por dizer.