O vício da infelicidade - Parte II

Alexandre, o Grande
Alexandre, o Grande foi dos homens mais infelizes que existiu - pelo menos na sua época. Curiosamente, na mesma altura de Alexandre, o Grande, existia aquela que, provavelmente, foi a pessoa que melhor compreendeu o verdadeiro significado de se ser livre e feliz; o seu nome era Diógenes. Entre eles, passou-se uma história interessantíssima que vem narrada no livro "Alegria, a felicidade interior", do autor Osho, a qual passo a partilhar convosco daqui a umas linhas.

Para mim, a pessoa mais feliz que existiu à face da Terra talvez tenha sido Diógenes. E este homem era apenas e só... um mendigo.

Diógenes foi um filósofo, da Grécia antiga, bastante controverso, que decidiu tornar-se mendigo. A sua filosofia consistia no seguinte: a felicidade reside no autodomínio e liberdade. Diógenes desprezava a opinião pública e combatia as instituições e os valores sociais de uma sociedade que ele considerava corrupta (muito actual, não concordam?...).

 Passemos então à situação que ocorreu entre Diógenes e o Imperador Alexandre, o Grande...
Diógenes e os seus amigos
   "Diógenes  era um mendigo. Ele não tinha nada, nem sequer uma taça para pedir esmolas. Até Buda tinha uma taça de esmolas e três vestes! Diógenes andava nu - e sem taça de esmolas. Um dia, ele estava a caminho do rio com a sua taça de esmolas na mão. Tinha sede e calor, queria beber água. Quando chegou mesmo à margem do rio, viu um cão que passou por ele, a correr e a arfar, e se atirou ao rio, nadando e bebendo até ficar satisfeito. Então, Diógenes pensou: "Este cão é mais livre do que eu - ele não precisa de andar com uma taça de esmolas. E se ele consegue passar sem isso, porque não hei-de eu conseguir também? Ela é a única coisa que eu possuo e tenho de estar sempre de olho nela para não ma roubarem. Até chego a acordar uma ou duas vezes à noite para ver se não ma roubaram." Ele atirou a taça de esmolas para o rio, fez uma vénia ao cão e agradeceu-lhe pela grande mensagem que este lhe tinha trazido da parte da existência.
Alexandre, o Grande e Diógenes
      Este homem que não tinha nada, despertou a inveja de Alexandre. O imperador deve ter ficado mesmo infeliz! Ele chegou a confessar a Diógenes: "Se Deus me der outra vida, vou-lhe pedir que não faça de mim Alexandre, mas antes Diógenes." Diógenes riu a bom rir e chamou o cão - eles agora eram grandes amigos, passavam a vida juntos - e disse:

- Ouve só o disparate que este homem está a dizer! Quer ser Diógenes na próxima vida! Porquê na próxima vida? De que serve adiar? Quem sabe o que virá na próxima vida? Até mesmo o dia de amanhã, até o momento seguinte, é incerto, quanto mais a próxima vida! Se queres mesmo ser Diógenes, podes sê-lo aqui e agora. Atira a tua roupa ao rio e esquece a conquista do mundo! Isso não passa de uma estupidez , como tu bem sabes.
   » Admites que és infeliz e que ser Diógenes é um estado melhor, que te deixaria em êxtase. Então, porque não ser Diógenes agora mesmo? Deita-te na margem do rio, aqui onde eu estou a apanhar sol! Há lugar para mais uma pessoa.
   É claro que Alexandre não pôde aceitar o convite. Ele disse:
- Muito obrigado pelo convite; agora não posso, mas na próxima vida...
   E Diógenes perguntou-lhe:
- Onde vais? O que farás, mesmo que conquistes o mundo?
- Então, descansarei - respondeu o imperador.
- Isso parece-me absurdo, porque eu estou a descansar agora mesmo! - respondeu Diógenes.

  Diógenes tinha razão.


   Na realidade, Alexandre, o Grande conquistou todo o Mundo civilizado naquela época mas, sabem o que fez depois de o conquistar? Após ver a vastidão que o seu império alcançava, Alexandre chorou, pois não havia mais mundos para conquistar... Isto diz tudo.

   As pessoas mais infelizes são as que têm sucesso... isto não nos ensinam nas escolas. Se não acreditam, atentem nessas pessoas... Vejam o acumular de stress, medo, desconfiança e de ambição desmesurada. Com toda essa panóplia de emoções, vem a mesquinhez, a inveja e a agressividade.

   Nem a propósito de falar sobre isso... Ainda ontem, aqui no Bairro do Granito, duas senhoras foram atropeladas e em seguida esfaqueadas.Uma delas veio a falecer. Sabem quem foi o autor desse massacre? Foi, nada mais, nada menos do que... o seu irmão. Tudo por causa de partilhas, dinheiros, imóveis, essas coisas todas. Veja-se até que ponto pode chegar o desespero de alguém infeliz que o leva não só a matar, como a fazê-lo aos do seu próprio sangue.

O autor do livro do qual eu retirei a história entre Diógenes e Alexandre, diz que nada fracassa tanto como o sucesso. Para o autor, a felicidade não tem nada que ver com o dinheiro, poder ou prestigio. A felicidade tem que ver com consciência e carácter. Vejo-me na obrigação de concordar com esta ideia.

Realmente... Já viram que se não houvesse ambição, poder, dinheiro, prestígio, também não teríamos a inveja, medo, desconfiança, etc... Certamente não precisaríamos de alguém a liderar-nos, não precisaríamos de forças de segurança, justiça, etc. Apenas seríamos felizes.


Ficar em 1º Lugar numa competição não nos torna felizes

   Enquanto joguei futebol, ganhei imensas vezes, venci torneios, jogos e prémios, mas também houve vezes em que perdi. Quando a minha equipa vencia, a felicidade durava apenas alguns minutos ou escassas horas, mas a frustração de perder, essa durava dias, e por vezes, semanas. E aqui não está em causa saber perder ou ganhar, essa é outra questão; o que está em causa é a tremenda importância que nos ensinam, desde pequeninos, a atribuir às vitórias, fazendo-nos crer que a vitória é significado de felicidade e a derrota infelicidade... Se assim é, quando vencemos não nos deveríamos tornar felizes? Então porque é que isso não ocorre?

    Ainda hoje guardo alguns troféus em casa que me servem, única e exclusivamente, para eu me poder gabar perante o meu sobrinho, e recordar que em tempos os ganhei e que nada ganhei depois de os conquistar.

A sociedade obriga-nos a ser ambiciosos, torna-nos invejosos e infelizes... prende-nos, corrompe-nos, torna-nos violentos e intolerantes... nada mais. Passamos 90% do dia a realizar tarefas que detestamos, que não nos dão prazer. Por que é que fazemos isso, já pensaram?


Somos infelizes porque nos focamos no Passado e no Futuro e não vivemos o Presente

    Se repararmos, a fonte da nossa infelicidade provém da nossa ambição, daquilo que queremos alcançar no futuro, assim como da frustração de sabermos o que fomos ou tivemos no passado. Se nos focássemos simplesmente em viver o presente, seríamos definitivamente mais felizes. Viver o agora sem nos preocuparmos com o que vem a seguir. O que o futuro nos reserva não é controlável, aquilo que também já passou não o é. Então para quê preocuparmo-nos com isso?!

Por exemplo, quem é que já não se preocupou com um exame que vem na semana que vem? Se é na semana que vem que se faz o exame, porquê estarmos já a preocuparmo-nos com isso?

Outro exemplo, se há dois anos tínhamos mais dinheiro do que agora, para quê preocuparmo-nos com o facto de agora não termos tanto como antigamente? Se já tivemos, significa que já não temos!...


O intuito das notícias é o de nos meter medo e tornar-nos pessoas medrosas, preocupadas e mais  facilmente controláveis


Sim, é isso mesmo. As notícias só servem para nos incutir medo e tornar-nos facilmente controláveis( porque eles nos mostram apenas a sua versão da realidade e nós partimos do princípio que isso corresponde à verdade, pelo que não temos saída possível...). Por conseguinte, tornamo-nos mais agressivos e infelizes, e somo levados a acreditar que não temos controlo nenhum sobre as nossas vidas (e, consequentemente, sobre a nossa felicidade).

Vejamos, uma pessoa com medo significa que se tornou dependente, não só do seu medo mas também de algo ou de alguém. Os nossos governantes preferem que as pessoas tenham medo para que assim se preocupem com os seus medos e deixem de se preocupar com o que eles (os governantes) fazem. Veja-se isso como uma distracção, um chamariz para nos desviarem a atenção, mantendo-nos preocupados com aquilo que são os "não problemas". As pessoas angustiosas e com medo acabam por arranjar um escape que lhes colmate esse medo, acabando por se refugiarem no consumismo desmesurado só para se sentirem melhor. Pessoas com medo preparam-se para o pior, trancam portas e janelas e desconfiam de tudo e todos. Assim, os cordeirinhos estão prontos para serem guiados até ao matadouro. A comunicação social é um excelente meio para nos controlar sem que nos apercebamos disso. É exactamente o que os nossos governantes querem. No fundo, eles querem indicar-nos o caminho para a  felicidade deles, dizendo que é para a nossa... E nós acreditamos.

O que se torna também num problema é nós acreditarmos que no mundo só existem pessoas más e violentas, e com isso acabamos mesmo por atrair esse tipo de pessoas. Chama-se a isso a lei da atracção. Nós atraímos aquilo em que acreditamos. Cá está, se nos achamos infelizes, acabamos por nos tornar infelizes.

(No fundo, no fundo, esta é a minha sina... eu só atraio atrasados mentais)
  

O papel da publicidade é tornar-nos infelizes, ambiciosos e invejosos
Eu estou muito bem a ver televisão, até que surge a publicidade... Mostram-nos tudo aquilo que poderíamos ter, ou ser, se tivéssemos dinheiro para comprar determinado produto. Simultaneamente, fazem-nos sentir uns infelizes e insatisfeitos... Depois, mostram-nos as pessoas muito alegres a ostentar o produto que se publicita, como que dizendo, "compra isto e serás feliz!". Todo este esquema da sociedade nos tolda o raciocínio e as ideias, e somos levados a sentirmo-nos infelizes por não poder ter muitas coisas. Será que nos tornaríamos realmente felizes se as tivéssemos?! Esta resposta pode ser respondida por quem compra o objecto desejado ou obtém a posição no emprego que tanto pretendia. Eu já provei a mim próprio que aquilo que pensei que me iria tornar feliz, não o fez. E vocês?

Talvez por tudo isto, e por nos terem tornado viciados na infelicidade, se tenha o hábito de dizer que "a melhor vingança é ser-se feliz". Pois, é exactamente a felicidade que nos é quase impossível de alcançar, e a culpa é só nossa. 

Se conseguisse chegar a alguém, gostaria de passar a mensagem de que tudo o que não é controlado por nós, não deveria interferir na nossa felicidade. A felicidade é uma escolha e todos nós temos a capacidade de poder escolher. Nunca deveríamos permitir que  nos impinjam metas e/ou objectivos com o pretexto de que é isso que nos tornará felizes. A escolha deverá ser sempre nossa.

Termino, recordando Diógenes... Ele acreditava que tínhamos muito que aprender com os animais - especialmente os cães -, e essa é uma grande verdade. Os animais são felizes e nada possuem, a única coisa que querem mesmo é ser felizes.

O vício da infelicidade - Parte I

TU ÉS INFELIZ
 
Começo por dizer que sempre achei que ser feliz não passava por perseguir objectivos... Quem pensa que traçar objectivos e alcançá-los é ser feliz, engana-se... mais à frente explico porquê. Como gosto de "beber" da inteligência de quem realmente sabe, efectuando pesquisa e leituras, estudos, e fazendo-me valer da observação de tudo e de todos aqueles que me rodeiam, cheguei às minhas próprias conclusões - conclusões essas que, como constatei, já outros (poucos) tinham chegado.

Acho interessante as ideias que a maioria das pessoas tem sobre felicidade. Alguns dizem: "Felicidade é ser rico!", "Felicidade é podermos ter tudo o que quisermos!", "Felicidade é ser presidente de uma empresa petrolífera", e etc, por aí fora... A felicidade não é isso, a felicidade é um estado de espírito, isto é, é algo que reside em cada um de nós, não se encontrando dependente de quaisquer circunstâncias exteriores. Muitas pessoas acham que só vão ser felizes quando conseguirem ter uma determinada coisa que ainda não têm ou quando conseguirem ser algo que ainda não são. Tudo isto são objectivos dos quais as pessoas se tornam dependentes, no sentido em que consideram que apenas no momento em que os atingem é que se irão tornar pessoas felizes. Esta ideia está completamente errada.

Na realidade, o facto de se atingir o objectivo pretendido não passa de um prazer momentâneo (provocando um falso sentimento de felicidade). O sexo, a comida, a vitória do nosso clube, entre outros milhares de situações, apenas nos dão prazer, e de curta duração, diga-se. Quem não se deu conta já de que, quando atingimos aquele que era o nosso grande objectivo,  a alegria e o entusiasmo duram somente uns minutos ou pouquíssimas horas? Os prazeres , ao fim e ao cabo, são também um vício, e a maior parte das pessoas não tem consciência disso. A maioria das pessoas parecem autênticos "agarrados" que precisam de alimentar o vício e, para o fazer, passam por cima de tudo e de todos na ânsia de atingirem os seus minutos de breve prazer e gratificação... O problema é que, após um objectivo atingido, surge outro, e outro, outro e mais outro... O problema não reside no facto de se ter objectivos, o problema centra-se simplesmente no facto das pessoas acreditarem que só depois de os alcançarem é que se tornam felizes.


A esmagadora maioria das pessoas está viciada em ser INFELIZ 
 

Acontece que a felicidade que se obtêm após a concretização de um objectivo (ou sonho) é momentânea, ao passo que a verdadeira felicidade deve ser um estado permanente. Ninguém quer (ou ninguém deveria querer) ser feliz apenas por um minuto. O que toda a gente quer, ou parece querer, é ser feliz todos os dias da sua vida. Logo, se a verdadeira felicidade é algo permanente, tudo aquilo que  nos conceda apenas uma satisfação momentânea, não constitui um caminho para a obtenção da felicidade suprema.


   Quem não se queixou já de alguma coisa e EXAGEROU na sua dramatização?

Vejamos um exemplo...

Cenário: O automóvel sofreu uma avaria.

Consequência: Temos que ir a pé para escola (trabalho, ginásio, compras, whatever...)

O nosso drama: "Como é que é possível viver assim?! Agora avaria-se-me o carro, tenho que gastar um dinheirão no seu arranjo, tenho que ir a pé para o trabalho e está a chover! Sou tão azarado... Ainda ontem bati com o pé na perna da mesa e magoei-me e... Há dois anos cortei-me com a faca de barrar o pão! Sou tão azarado! Nada me corre bem! Estou gordo, sem carro, está a chover, cortei-me no ano passado, magoei o pé ontem..." blá, blá, blá... Que tristeza...

Claro que há quem exagere mais, isto é apenas um exemplo. Mas, objectivamente, o carro simplesmente avariou e apenas temos de ir a pé (ou arranjar um outro meio de transporte) para o trabalho. Qual será a necessidade de estarmos a dramatizar? Reparem também que necessitamos, na maioria das vezes, de dramatizar à frente de outras pessoas, para elas terem pena de nós e nos podermos armar em pobres vítimas...

Existem pessoas que a única coisa que sabem fazer é lamentar-se. Se algum dia se sentissem felizes, tenho a impressão que morreriam, por não estarem habituadas a esse estado de espírito.


Somos corrompidos assim que nos começam a educar


De que nos vale dramatizar? Dramatizando, a situação altera-se? Claro que não. Só que nós adoramos alimentar-nos de infelicidade. É um vício, e sabem porquê?! Porque nos ensinam a ser infelizes logo no momento em que somos crianças. Quem não viu já uma criança a brincar, falando em voz alta, ou fazendo outro tipo de barulho? Qual é a reacção dos pais? Simplesmente lhe ralham e não a deixam ser feliz... Sim, as crianças são felizes até ao momento em que são corrompidas pela sociedade. A criança, desde muito nova, tem que começar a ter responsabilidades e a importar-se com o seu futuro... Que estupidez. A criança deve usufruir da sua infância, brincar muito, porque é a brincar que se aprende, depois, com o tempo e na idade certa, deverão tomar as SUAS decisões. Como por exemplo: escolherem o que querem ser quando forem adultas. Logicamente, seguindo estas "normas" impostas pela sociedade em que vivemos e às quais dificilmente poderemos fugir.


Em criança, ENSINAM-NOS a ser infelizes. 
Transmitem-nos a ideia de que tudo aquilo que nos permite ser feliz... está errado!
Desde o momento em que nos começam a ensinar que para se ser feliz é preciso ter um bom emprego, casa, carro, acordar cedo, dominar as matérias da escola, etc... é precisamente nesse momento que nos começam a corromper, acabando por nos converter nuns infelizes e eternos insatisfeitos. Será que para se ser feliz é preciso possuir todas aquelas coisas?... Porquê?...

Porém, logo de pequenos, ensinam-nos a ser infelizes, ou seja, tudo aquilo que contraria a nossa felicidade é que parece estar certo:

- Estamos todos divertidos a brincar à apanhada... está errado; o certo é ir estudar.

- Estamos, em público, a rir... está errado; o certo é não o fazer, pois poderá parecer mal a alguém.

- Estamos relaxados e despreocupados... está errado; o certo é preocuparmo-nos com alguma coisa (caso contrário, somos uns irresponsáveis).

- Não temos grandes ambições na vida (ou seja, já estamos felizes assim como estamos)... está errado; o correcto é sermos ambiciosos, desejarmos muitas coisas (cuja busca só nos vai tornar infelizes).

Enfim... Quer-me parecer que todos se revêm nestas situações. O certo é que nos corrompem desde muito cedo com a ideia de que, para se ser feliz, é preciso ser ambicioso, desejar ter muita coisa e fazer tudo aquilo que não nos dá o mínimo gozo e que apenas implica muito trabalho e sacrifícios. No fundo, no fundo, dizem-nos que a vida é apenas e somente um martírio e um mar de tristezas.O curioso é que, a guiarmo-nos pelos valores (completamente errados) que nos ensinam, acaba por ser verdade.


Nós é que somos responsáveis pela nossa felicidade
A ideia que quero passar é que a felicidade apenas depende de nós. Por exemplo: se uma mulher é traída pelo marido, a escolha de continuar nessa relação é somente dela, assim como a coragem e inteligência para decidir o que é melhor para si. Convém não esquecer que nós é que somos os responsáveis pela nossa felicidade.

Toda a gente é ambiciosa,  todos querem ser ricos, ter qualquer tipo de poder ou prestigio, etc., porque só assim acham possível ser felizes...Acha-se que só se consegue ser feliz se formos alguém na vida (aos olhos da sociedade, diga-se)... Não passam de uns eternos e tristes insatisfeitos. A felicidade acaba, pois, por ser encarada como sinónimo de obtenção de sucesso na vida. E não se trata nada disso.

Isto fez-me lembrar uma história (real) bastante interessante, passada com Alexandre, o Grande, a qual  partilharei brevemente com vocês... Peço desculpa pela extensão deste post, mas acreditem que ficou muito, mas muito mais por dizer.

O (in)sucesso nos casamentos...

Ainda hoje a minha namorada falava comigo sobre relações e, mais especificamente, sobre a escolha de parceiros.... Dizia-me ela que lhe parecia difícil algum dia vir a escolher um homem "normal" (que fosse mau carácter, infiel, etc.), pois acha que iria detectar facilmente alguém desse tipo. Bom, felizmente ela tem pouca experiência nesse campo, sendo que a única escolha que fez, no que respeita a esse campo muito específico, recaiu sobre mim. (Excelente escolha, fofa! Eu, no teu lugar, faria o mesmo...)

Mas lá lhe expliquei a ela, e explico a quem quiser ler e ouvir, que as relações são como a escolha dos alimentos... Perdemos imenso tempo a escolher aqueles que nos parecem ser os melhores - porque escolhemos os mais frescos e com melhor aparência e, muitas das vezes, temos a certeza que são mesmo os melhores. O pior vem quando chegamos "à prova dos nove", onde, aí sim, vamos "conhecer" verdadeiramente a escolha que efectuámos... Ou seja, é chegada a hora de nos desiludirmos ou não e de arcarmos com as consequências das nossas escolhas - seja isso bom ou mau.  Se tivermos escolhido mal é chegada também a hora de reflectir um pouco e perceber o que correu mal, evitando cair nos mesmos erros...

A única chatice nisto tudo é que as relações, em boa verdade, não são alimentos (óbvio) e, por mais que a pessoa escolha, por mais meticulosa que seja e /ou por mais exigente que seja, pode-se sempre enganar.

Todas as pessoas são "vendedoras", vendem-se a si mesmas, e tal como os reclames que passam na televisão, só dizem o melhor, exagerando nos pontos que se sabe que chamam a atenção dos mais distraídos... Algumas destas pessoas fazem publicidade de si mesmas, mas é-nos possível ver que algo não está bem... Não sabemos o quê... mas desconfiamos logo. Até conseguimos ver aquelas letras pequeníssimas impossíveis de ler, que passam durante a publicidade...

Conheci tanta gente e vi tanta publicidade enganosa que estou em condições de vos dizer que não tenho um único amigo, daqueles verdadeiros em que se possa confiar - não gostei da publicidade. O que tenho, sim, são conhecidos, que eu trato como se dos meus melhores amigos se tratassem, ajudando-os, se for necessário, aconselhando, criticando e apoiando. Até posso afirmar que gosto mais deles(as), mesmo não os considerando amigos fieis, do que eles de mim.

Bem, voltando às relações amorosas... É-nos, portanto, difícil escolher bem, por mais minuciosos que sejamos. Ok, parece-me ser uma óptima dedução. Porém, existe quem escolha mal sem saber e, quando dá conta desse erro, não é capaz de o resolver, nem assumir a culpa dessa mesma escolha... Essas pessoas, após se darem conta da escolha do parceiro(a) errado(a), insistem, por medo, orgulho ou burrice, em levar a situação avante. Este tipo de pessoas faz-me lembrar aquelas que, quando vão ao cinema ver um filme e não estão a gostar, em vez de saírem da sala, não, insistem em ver o filme até ao fim porque acreditam que, apesar de 140 minutos de péssimo filme, haja 1 minuto dele que seja satisfatório...

Eu sou mais adepto daquelas personalidades em que a pessoa, assim que se depara com algo péssimo que percebe que não tem solução, simplesmente assume o erro, azar ou decepção, e abandona a relação, desistindo. Desistir de maus filmes a meio, depois de pagar caro, acaba por não ser tão mau como seria pagar caro e ver um péssimo filme, perdendo tempo sem qualquer benefício...


Ainda a propósito desta questão das relações amorosas, fico espantado com certas notícias e estudos realizados acerca das mesmas... Li algures que, casais que moram juntos antes de se casarem, apresentam maior probabilidade de se divorciarem... Eu gostava era de saber quem é que se deu ao trabalho de fazer um estudo destes e baseado em quê...Qual a base destes estudos, que factores são considerados nos mesmos? Pergunto isto porque considero que basear-se apenas em estatísticas para se chegar a conclusões deste tipo é muito redutor, não espelhando a verdadeira realidade, além de tal tipo de conclusões ser altamente falível e, obviamente, muito pouco credível (pelo menos, para quem se dá ao trabalho de pensar sobre estas coisas), acabando por conduzir muitas pessoas ao engano.

Ora, quer-nos este estudo dar, então, a entender que é melhor não vivermos juntos antes do casamento para que o mesmo dê certo!... Não consigo perceber qualquer lógica ou fundo de razão nesta ideia; a única lógica no meio disto tudo talvez seja a de que o estar com alguém há mais tempo possa aumentar as probabilidades de que a relação acabe (mas, também, convém frisar que não é esse o único motivo pelo qual as relações acabam; o tempo não é o único factor a influir nestas situações)...   Isto é quase como, no final da 2ª guerra mundial, chegar-se à conclusão que o facto de terem existido mais mortes num determinado país do que noutro se deva, por exemplo, ao facto de, no primeiro, existir já a televisão nessa altura (querendo dar-se, assim, a entender que o principal motivo para um maior nº de mortes seria a existência da televisão)...

Basicamente, aquilo que quero explicar com este exemplo estapafúrdio  é que, simplesmente porque foi possível estabelecer uma correlação estatística entre dois factos (o que não é muito difícil, diga-se), tal não quer necessariamente dizer que exista uma relação de causa-efeito entre ambos. Imaginemos que, o que aconteceu de facto, é que o primeiro país esteve em guerra durante mais tempo. Ora, como é óbvio, seria mais provável que houvesse um maior número de mortes num país onde a guerra se tivesse prolongado por 3 anos, do que num outro que a mesma só tivesse atingido por 3 meses...

Como vemos, é fácil chegar a conclusões totalmente isentas de razão quando nos prendemos apenas naquilo que nos interessa, negligenciando a totalidade dos factores envolvidos.Algo tão complexo e subjectivo como as relações humanas, não pode ser explicado por correlações tão simplistas e desconexas...

Aproveitando a analogia estabelecida anteriormente com a situação de guerra, julgo ser possível afirmar que, tal como na guerra existe uma grande possibilidade de se morrer, quer esta dure muito ou pouco tempo, também um casamento é passível de chegar ao fim, tenham as pessoas vivido antes juntas ou não.

Brincadeiras da "mãe natureza"


A mãe natureza é muito brincalhona. Quer-me é parecer que a maioria das suas brincadeiras são de um tremendo mau gosto... Refiro-me à brincadeira dos "pêlos", mais precisamente à brincadeira de alguns homens serem carecas e terem montes de pêlos pelo corpo todo... Qual é o intuito da mãe natureza? Fazer-nos rir? Fazer-nos vomitar? Ou apenas nos quer mostrar quem manda?

Qual o porquê de não termos cabelo (na cabeça) e, em claro exagero e descompensação, termos uma exorbitância deles no resto do corpo?  (não deve haver resposta para esta pergunta.)

E que tal se se cortassem os pêlos do corpo, se juntassem e, a partir deles, se fizesse uma peruca? Seria uma ideia excelente! Também acho bastante injusta a distribuição de beleza protagonizada pela mãe natureza. É impressão minha ou, quando essa beleza recai em alguém, recai quase sempre nas pessoas erradas?

Normalmente, as pessoas bonitas são peneirentas, arrogantes, desprezíveis, não gostam realmente de ninguém a não ser delas próprias... mas o pior, mesmo, é serem bonitas! Irra, isso irrita-me e irrita qualquer feio! Mais nos irrita quando vemos essas pessoas bonitas a receberem rios de dinheiro apenas porque têm uma aparência que respeita os padrões que alguém se lembrou de estabelecer e que são, em abono da verdade, bastante discutíveis.

As pessoas bonitas que conheço (e muitas outras que não conheço) não sabem o que significa "esforço" e "trabalho", nunca fizeram mais esforço do que o de terem que levantar  os 3 ou 4 kg de peso do saco das compras... Esta gente apenas se maquilha (no caso das mulheres) e arranja para irem para o seu local de trabalho, normalmente o paraíso dos ociosos e endinheirados, para serem fotografados... Curiosamente, essas sessões fotográficas não demoram mais de uma hora... Depois, andam aí os feios a trabalhar nas obras ou a calcetar o pavimento a ganharem nada, para saírem de lá mal cheirosos, sem aprenderem nada e sem o reconhecimento de ninguém...

Eu sou um tipo feio (se é que isso interessa para aqui) se comparado com a maioria dos padrões utilizados pelo comum  das pessoas, mas também só achamos que somos feios ou bonitos porque quem estabelece essas tais regras nos quer convencer disso mesmo... E cada vez me convenço mais da minha falta de beleza... Mas, é para isso mesmo que servem os psicólogos e psiquiatras, para nos motivarem... Só temos é que pagar!

Estas coisas são interessantes se as olharmos com "olhos de ver". O Hitler, por exemplo,  queria espalhar uma raça  de tipos, altos, louros e de olhos azuis pelo mundo fora. Se tivermos em conta que Hitler era baixo, gordo e de cabelo castanho, já dá para  atribuirmos uma considerável dose de importância ao seu sonho... Já as pessoas que estabeleceram os tais padrões de beleza,aqueles que estipularam aquelas medidas de largura (de cintura) de pini-pon e de altura de Alemão, não são os porta-estandarte dos seus desígnios...

A verdade é que nós nos guiamos por estas regras escritas e estipuladas por deficientes mentais que não conseguem, nem querem segui-las, e depois andamos insatisfeitos e mal connosco mesmos... Lá está, a mãe natureza é muito de brincadeirinhas de mau gosto, dá cérebros a quem não os sabe utilizar...

A admirável verdade...

in Nova Gente
 Apesar de parecer mentira, até porque hoje é dia 1 de Abril, esta notícia é verdadeira.
 

Uma das ideias principais retiradas desta notícia é que todos aqueles que lavem o carro, sozinhos, são considerados desenrascados e independentes (ler o sublinhado a preto). Após ler a notícia, fiquei feliz por saber que sou independente. Até já me mentalizei que irei começar a lavar o carro mais vezes para que muitas pessoas me vejam. Vou também tirar fotos para depois poderem servir de prova.

A outra ideia principal é que as mulheres jornalistas não deveriam escrever peças jornalísticas sobre outras mulheres. E porquê?! Porque são falsas e mesquinhas... Vêem o bonito no feio e o feio no bonito, vêem a elegância no desmazelo e  a classe na "pinderiquice".

A senhora jornalista diz que a roupa que a senhora escolheu para a tarefa "foi prática e descontraída, mas a sua elegância não a deixou passar despercebida". Acho que a jornalista, com a parte da "elegância", se estava a referir ao carro...

 "Desde que se divorciou de Luís Evaristo, no ano passado, Helga passou a usar um look mais casual (...).  Ai isso é bom? Vestir-se assim como está, parecendo um sem-abrigo?! (sem ofensa para os sem-abrigo).

Vejamos como seria este artigo se tivesse sido escrito por um jornalista homem (escolhi apenas modificar as partes que sublinhei na imagem):

"A mal vestida e desmazelada relações públicas, Helga Barroso, infelizmente, foi vista, por algumas infelizes pessoas, a lavar o seu espectacular carro, numa bomba de abastecimento na zona de Cascais. Ao que parece, Helga não conseguiu descobrir os 200 quilos de maquilhagem que costuma colocar, ou simplesmente não conseguiu acordar às 3 da manhã para se começar a arranjar e pintar, para sair de casa às 9h:30m."

   "A roupa que Helga escolheu para a tarefa foi, nada mais nada menos, do que uma infeliz ocorrência. Helga Barroso mais parecia um feio sapo com uma peruca mal penteada. Deselegante e feia, Helga Barroso lavou o seu espectacular e bonito carro com uma mangueira de pressão manual, e até na realização dessa simples tarefa ela conseguiu meter nojo."

   "Desde que se divorciou de Luís Evaristo, no ano passado (e graças a Deus, para ele), Helga passou a utilizar roupas completamente foleiras que lhe conferem um ar mais nojento, fazendo-a parecer uma espécie de aborto andante."

É admirável como situações destas são consideradas notícia. É admirável (e discutível) que considerem a senhora "bonita". É admirável saber que a senhora sabe trocar uma nota por moedas, para lavar o carro. É admirável que tenha lavado o carro com roupas casuais "que lhe conferem uma aparência mais jovial". É admirável que eu tenha tido o trabalho de comprar a revista, lido o artigo, feito uma digitalização da folha, tenha sublinhado parte do texto e tenha escrito este post. É admirável como a minha paciência e estupidez não têm limites...